08/01/2011

Como entender Mateus 24.36? Jesus é Deus?


Sou um cara bastante curioso e, quando me deparo com textos que não consigo compreender totalmente [a não ser que seja algo que não é cabido conhecer agora – at. 1.7], costumo me debruçar sobre a questão até achar uma resposta que me satisfaça a vontade de compreender tal assunto.

Na noite de domingo, o segundo do ano, um versículo bíblico e um comentário em meu blog www.servolider.blogspot.com, me fizeram dedicar um tempo maior ao estudo de Escatologia, mas especificamente, sobre a Volta de Cristo.

O versículo que me chamou a atenção, apesar de já tê-lo lido várias vezes, foi Mateus 24.36:
Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai”.


Passei um bom tempo me dedicando a entender como podemos ver a divindade de Jesus nesse versículo. O primeiro passo que dei na busca por uma análise imparcial e bíblica sobre o versículo supracitado foi o de procurar na própria Bíblia outros versículos que corroborassem a ideia neste contida. Encontrei, portanto, os seguintes textos:

Marcos 13.32: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai
Atos 1.7: “E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”.

Lidos e relidos os textos, algumas perguntas me vieram à cabeça e a primeira delas foi: O que a Teologia já disse sobre o assunto. Debrucei, portanto, sobre os livros de Teologia Sistemática, apologética e encontrei algumas interpretações interessantes. Vejamos:

Algo que achei interessante, é que todos os comentaristas, apesar de não dividirem Jesus como Grudem faz, acabam apelando para Jesus como homem. Por exemplo, Robert L. Reymond afirma: “Jesus declarou expressamente que não sabe o dia ou a hora do seu retorno. Quer dizer, ele enfaticamente nega esse conhecimento como homem acerca do ‘quando’ da sua parousia” (A New Systematic Theology of the Christian Faith, pág. 1007). Hendriksen segue o mesmo discurso: “Na verdade, nem o próprio Filho, visto pelo prisma de sua natureza humana” (Comentário do Novo Testamento: Mateus, Vol. 1, pág. 517).

Isso significa que:

1.   Se admitirmos que Jesus AINDA não sabe o momento de sua volta, termos de admitir que ele não é Deus, pois, sendo Deus também possui todos os atributos de Deus, como onisciência (conhece todas as coisas, onipotência (tem todo o poder) e onipresença (não se limita ao espaço). Aí devemos perguntar: Jesus é Deus? Jesus é inferior a Deus? Jesus foi gerado por Deus? Ao fazermos tais perguntas, deter-nos-íamos sobre os escritos das Testemunhas de Jeová (que ao me ver não dignas de muito crédito, devido aos seus inúmeros ensinamentos heréticos). As T.J usam esse e outros versículos para diminuírem Jesus e afirmarem que ele não é Deus, que é gerado, portanto, inferior Mas analisemos o que diz a Bíblia em relação a Jesus:
·        João 1.1 -  “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. O Verbo aqui, creio que todos concordam, é JESUS. João afirma claramente, que o VERBO era Deus, i.e., o Verbo=Jesus=Deus. A palavra VERBO, neste versículo, pode ser traduzida por PALAVRA, segundo Myer Pearlman, porque “assim como a PALAVRA É A EXPRESSÃO DO NOSSO CARÁTER E DO NOSSO PENSAMENTO, JESUS É A EXPRESSÃO DO CARÁTER E DO PENSAMENTO DE DEUS”. Em outras palavras, Jesus é a essência de Deus.

·        Colossenses 1.13- 20: O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse.
E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.


Para melhor compreender o versículo 36 de Mateus 24, faremos uso  da ideia da comunicação dos atributos (communicatio idiomatum), que afirma que as propriedades de ambas as naturezas podem ser atribuídas a uma Pessoa. As limitações da natureza humana, por exemplo, são as limitações da pessoa inteira. Franklin Ferreira e Alan Myatt afirmam o seguinte: “Por isto, se pode dizer que Jesus Cristo é todo-poderoso, onisciente, onipresente e assim por diante, mas também se pode dizer que ele é um homem real, de conhecimento e poder limitados, e sujeito às necessidades, dores e limitações humanas” (Teologia Sistemática, pág. 519). Nesse sentido, o correto é afirmar que, a pessoa de Cristo, quando do seu ministério terreno, não conhecia a precisa ocasião do seu retorno. É difícil conciliarmos isso com o fato de Jesus ser plenamente Deus também. Obviamente, a consumação de todas as coisas fora decretada por Deus desde antes da fundação do mundo, e, logicamente toda a Trindade participou dessa deliberação. Quando lemos as palavras de Jesus em Mateus 24.36 e em Marcos 13.32, não devemos imaginar que o Espírito Santo, “que é familiarizado com as coisas profundas de Deus, e os segredos do seu coração”, como afirma John Gill, seja ignorante a esse respeito.

Olhando por esse prisma, devemos nos perguntar: É possível que a Primeira e a Terceira Pessoa da Trindade saibam de algo que a Segunda ignora ou desconhece? No entanto, a própria Segunda Pessoa da Trindade afirma que desconhece o dia e a hora do seu retorno.

Acredito, portanto que, após sua ascensão aos céus, Jesus tomou conhecimento de todo o poder de Deus. Ele sabe quando virá porque Ele mesmo é Deus.


Um comentário:

Anônimo disse...

Caro irmão. Como explicar que os juizes e o proprio Moises foi chamado pelo Eterno de Elohim. Jesus da mesma forma é chamado em Joao 1:1 de Elohim. Ter a excencia, primazia, etc nao quer dizer, ser igual ao eterno, mas, carregar as mesmas, por concentimento do Eterno. "...Foi me dado todo o poder..." se foi dado , nao tinha, logo quem deu é maior, do que o que recebeu.