Sou um cara bastante curioso e, quando me deparo com textos que não
consigo compreender totalmente [a não ser que seja algo que não é cabido
conhecer agora – at. 1.7], costumo me debruçar sobre a questão até achar uma
resposta que me satisfaça a vontade de compreender tal assunto.
Na noite de domingo, o segundo do ano, um versículo bíblico e um
comentário em meu blog www.servolider.blogspot.com,
me fizeram dedicar um tempo maior ao estudo de Escatologia, mas
especificamente, sobre a Volta de Cristo.
O versículo que me chamou a atenção, apesar de já tê-lo lido várias
vezes, foi Mateus 24.36:
“Mas
daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai”.
Passei um bom tempo me dedicando a entender como podemos ver a divindade
de Jesus nesse versículo. O primeiro passo que dei na busca por uma análise
imparcial e bíblica sobre o versículo supracitado foi o de procurar na própria
Bíblia outros versículos que corroborassem a ideia neste contida. Encontrei,
portanto, os seguintes textos:
Marcos 13.32: “Mas
daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho,
senão o Pai”
Atos 1.7: “E disse-lhes: Não vos
pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”.
Lidos e relidos os textos, algumas perguntas me vieram à cabeça e a
primeira delas foi: O que a Teologia já disse sobre o assunto. Debrucei,
portanto, sobre os livros de Teologia Sistemática, apologética e encontrei
algumas interpretações interessantes. Vejamos:
Algo que achei interessante, é que todos os comentaristas, apesar de não
dividirem Jesus como Grudem faz, acabam apelando para Jesus como homem. Por
exemplo, Robert L. Reymond afirma: “Jesus declarou expressamente que não sabe o
dia ou a hora do seu retorno. Quer dizer, ele enfaticamente nega esse
conhecimento como homem acerca do ‘quando’ da sua parousia” (A New Systematic Theology of the Christian Faith, pág. 1007).
Hendriksen segue o mesmo discurso: “Na verdade, nem o próprio Filho, visto pelo
prisma de sua natureza humana” (Comentário do Novo
Testamento: Mateus, Vol. 1, pág. 517).
Isso significa que:
1. Se admitirmos que
Jesus AINDA não sabe o momento de sua volta, termos de admitir que ele não é
Deus, pois, sendo Deus também possui todos os atributos de Deus, como
onisciência (conhece todas as coisas, onipotência (tem todo o poder) e
onipresença (não se limita ao espaço). Aí devemos perguntar: Jesus é Deus?
Jesus é inferior a Deus? Jesus foi gerado por Deus? Ao fazermos tais perguntas,
deter-nos-íamos sobre os escritos das Testemunhas de Jeová (que ao me ver não
dignas de muito crédito, devido aos seus inúmeros ensinamentos heréticos). As
T.J usam esse e outros versículos para diminuírem Jesus e afirmarem que ele não
é Deus, que é gerado, portanto, inferior Mas analisemos o que diz a Bíblia em
relação a Jesus:
·
João 1.1 - “No princípio era o Verbo,
e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. O Verbo aqui, creio que todos
concordam, é JESUS. João afirma claramente, que o VERBO era Deus, i.e., o
Verbo=Jesus=Deus. A palavra VERBO, neste versículo, pode ser traduzida por
PALAVRA, segundo Myer Pearlman, porque “assim
como a PALAVRA É A EXPRESSÃO DO NOSSO CARÁTER E DO NOSSO PENSAMENTO, JESUS É A
EXPRESSÃO DO CARÁTER E DO PENSAMENTO DE DEUS”. Em outras palavras, Jesus é a
essência de Deus.
·
Colossenses 1.13- 20: O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo
seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; O qual é imagem do Deus invisível,
o primogênito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas que
há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações,
sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele
é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a
cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos,
para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a
plenitude nele habitasse.
E que, havendo por ele feito a paz pelo
sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas,
tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.
Para melhor compreender o versículo 36 de Mateus 24, faremos uso da ideia da comunicação dos atributos
(communicatio idiomatum), que afirma que as propriedades de ambas as naturezas
podem ser atribuídas a uma Pessoa. As limitações da natureza humana, por
exemplo, são as limitações da pessoa inteira. Franklin Ferreira e Alan Myatt
afirmam o seguinte: “Por isto, se pode
dizer que Jesus Cristo é todo-poderoso, onisciente, onipresente e assim por
diante, mas também se pode dizer que ele é um homem real, de conhecimento e
poder limitados, e sujeito às necessidades, dores e limitações humanas” (Teologia Sistemática, pág. 519). Nesse sentido, o
correto é afirmar que, a pessoa de Cristo, quando do seu ministério terreno,
não conhecia a precisa ocasião do seu retorno. É difícil conciliarmos isso com
o fato de Jesus ser plenamente Deus também. Obviamente, a consumação de todas
as coisas fora decretada por Deus desde antes da fundação do mundo, e,
logicamente toda a Trindade participou dessa deliberação. Quando lemos as
palavras de Jesus em Mateus 24.36 e em Marcos 13.32, não devemos imaginar que o
Espírito Santo, “que é familiarizado com as coisas profundas de Deus, e os
segredos do seu coração”, como afirma John Gill, seja ignorante a esse
respeito.
Olhando por esse prisma, devemos nos perguntar: É possível que a Primeira e a Terceira Pessoa da Trindade saibam de algo que a Segunda ignora ou desconhece? No entanto, a própria Segunda Pessoa da Trindade afirma que desconhece o dia e a hora do seu retorno.
Acredito, portanto que, após sua ascensão aos céus, Jesus tomou
conhecimento de todo o poder de Deus. Ele sabe quando virá porque Ele mesmo é
Deus.
Um comentário:
Caro irmão. Como explicar que os juizes e o proprio Moises foi chamado pelo Eterno de Elohim. Jesus da mesma forma é chamado em Joao 1:1 de Elohim. Ter a excencia, primazia, etc nao quer dizer, ser igual ao eterno, mas, carregar as mesmas, por concentimento do Eterno. "...Foi me dado todo o poder..." se foi dado , nao tinha, logo quem deu é maior, do que o que recebeu.
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