24/08/2016

FOI DEUS QUEM QUIS ASSIM

Somente quem teve o privilégio de esbarrar na vida com o grande amor da sua vida já sentiu a alegria de ter certeza de que compartilhará todo o seu futuro com a mesma pessoa.

2005 era o ano! O lugar mais romântico da minha vida foi um ônibus, acostumado a transportar muita gente, inclusive ela, que se tornaria a parte mais importante da minha vida.


Dia ensolarado, cheio de expectativas pelo primeiro dia no colégio novo, num lugar novo, sem conhecer ninguém! O trajeto seria normal e o dia talvez seria como mais um daqueles comuns aos primeiros dias de aula na vida de qualquer pessoa. Tudo seria como os outros dias, se não fosse aqueles encaracolados cabelos, aquele fichário, aquela saia azul de pregas e aquela blusa branca, devidamente comportada.

Entrei no coletivo e fiquei na parte traseira, afinal não tinha ninguém conhecido por ali. Ela estava mais ao meio do ônibus. Seu olhar era sério e seus olhos concentrados. Fiquei embasbacado por ela! Interessantemente comportado para ser como as outras. Olhei-a de cima a baixo e senti uma atração como não sentira antes, por ninguém.

Passei a viagem inteira olhando para ela. Meus olhos se perderam diante daqueles cabelos de reflexo, daquele olhar sereno, mas firme, daquele jeito responsável, para uma menina que, logo mais, eu sabia ter apenas 15 anos.

Passou o primeiro dia na escola e eu não a vi mais. O segundo, o terceiro e assim foi por mais de uma semana. Até que um dia eu a encontrei nos corredores e olhei-a firmemente, demonstrando claramente como eu estava interessado. Eu achava que seria só mais uma garota, em que eu chegaria, falaria meia dúzia de palavras bonitas, daria uns beijos e, em seguida, a fila andaria.

Não! Não foi nada disso! O beijo não veio! Os amassos não vieram! O que eu esperava da atitude dela foi completamente diferente do que recebi. Ela não era como as outras: ela não queria ficar com ninguém.

Embora eu tivesse recebido um belo de um toco, meu pensamento não saia dela. Eu ainda queria aquele abraço, aquele beijo. Foi por isso que continuei insistindo por mais de 6 meses. Foram horas, dias, meses, quase um ano de conversa na porta da sala de aula. Ficávamos ali, totalmente alienados do mundo. Que me importa o mundo inteiro, se eu a tinha ali do meu lado? Que coisa mais eu 
poderia querer, se podia tocar aquelas mão geladas, olhar aqueles lábios tremendo de nervosismo.

Aí então começaram as regras. Ela dizia que não ficava, só namoraria, se o pai dela deixasse. Eu não estava pensando em namorar. Mas como resistir aqueles olhos castanhos escuros? Além de exigir que o pai dela autorizasse aquilo tudo, era também necessário que eu voltasse para a igreja.

Fiquei esperando na porta e, de repente, lá  vinha ela, deslumbrantemente linda, com aquela saia comprida e aquela blusa clara. Cabelos soltos, andando vagorosamente. Sim! Era linda! Era o que eu queria. Não sabia por que, mas eu tinha certeza de que era com ela que eu queria ficar, não por um dia, mas para a vida toda.

[CONTINUA]

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