Somente quem teve o privilégio de esbarrar na vida
com o grande amor da sua vida já sentiu a alegria de ter certeza de que
compartilhará todo o seu futuro com a mesma pessoa.
2005 era o ano! O lugar mais romântico da minha vida
foi um ônibus, acostumado a transportar muita gente, inclusive ela, que se
tornaria a parte mais importante da minha vida.
Dia ensolarado, cheio de expectativas pelo primeiro
dia no colégio novo, num lugar novo, sem conhecer ninguém! O trajeto seria
normal e o dia talvez seria como mais um daqueles comuns aos primeiros dias de
aula na vida de qualquer pessoa. Tudo seria como os outros dias, se não fosse
aqueles encaracolados cabelos, aquele
fichário, aquela saia azul de pregas e aquela blusa branca, devidamente
comportada.
Entrei no coletivo e fiquei na parte traseira,
afinal não tinha ninguém conhecido por ali. Ela estava mais ao meio do ônibus.
Seu olhar era sério e seus olhos concentrados. Fiquei embasbacado por ela! Interessantemente
comportado para ser como as outras. Olhei-a de cima a baixo e senti uma atração
como não sentira antes, por ninguém.
Passei a viagem inteira olhando para ela. Meus olhos
se perderam diante daqueles cabelos de reflexo, daquele olhar sereno, mas
firme, daquele jeito responsável, para uma menina que, logo mais, eu sabia ter
apenas 15 anos.
Passou o primeiro dia na escola e eu não a vi mais.
O segundo, o terceiro e assim foi por mais de uma semana. Até que um dia eu a
encontrei nos corredores e olhei-a firmemente, demonstrando claramente como eu
estava interessado. Eu achava que seria só mais uma garota, em que eu chegaria,
falaria meia dúzia de palavras bonitas, daria uns beijos e, em seguida, a fila
andaria.
Não! Não foi nada disso! O beijo não veio! Os
amassos não vieram! O que eu esperava da atitude dela foi completamente
diferente do que recebi. Ela não era como as outras: ela não queria ficar com
ninguém.
Embora eu tivesse recebido um belo de um toco, meu
pensamento não saia dela. Eu ainda queria aquele abraço, aquele beijo. Foi por
isso que continuei insistindo por mais de 6 meses. Foram horas, dias, meses,
quase um ano de conversa na porta da sala de aula. Ficávamos ali, totalmente
alienados do mundo. Que me importa o mundo inteiro, se eu a tinha ali do meu
lado? Que coisa mais eu
poderia querer, se podia tocar aquelas mão geladas,
olhar aqueles lábios tremendo de nervosismo.
Aí então começaram as regras. Ela dizia que não
ficava, só namoraria, se o pai dela deixasse. Eu não estava pensando em
namorar. Mas como resistir aqueles olhos castanhos escuros? Além de exigir que
o pai dela autorizasse aquilo tudo, era também necessário que eu voltasse para
a igreja.
Fiquei esperando na
porta e, de repente, lá vinha ela,
deslumbrantemente linda, com aquela saia comprida e aquela blusa clara. Cabelos
soltos, andando vagorosamente. Sim! Era linda! Era o que eu queria. Não sabia
por que, mas eu tinha certeza de que era com ela que eu queria ficar, não por
um dia, mas para a vida toda.
[CONTINUA]
Nenhum comentário:
Postar um comentário