Josué
acompanhava Moisés já há bastante tempo. Moisés aprenderá a confiar em Josué e este estava dentre os homens
escolhidos para julgar o povo no deserto de Refidim. É interessante notar que Josué, no capítulo 17
de Êxodo, desempenha uma função que somente alguém de muita confiança poderia
fazer:
“Então veio Amaleque e pelejou contra
Israel em Refidim. Pelo que Moisés disse a Josué: Escolhe –nos homens, e sai, e
peleja contra Amaleque; amanhã eu estarei no cume do outeiro e a vara Deus
estará na minha mão. E Josué fez como Moisés lhe dissera, pelejando contra Amaleque, mas Moisés, Arão e Hur subiram ao
cume do outeiro.” (Êxodo 17: 8 – 10).
Percebemos por esse texto que
Moisés tinha muita confiança em Josué. Ele o entregou nas mãos uma batalha
porque sabia que ele era capaz. Porém, apesar de Moisés ter subido ao cume do
outeiro, ele não deixou seus discípulo sozinho:
“ E acontecia que quando Moisés
levantava a sua mão, Israel prevalecia; mas quando ele abaixava a sua mão,
Amaleque prevalecia.” (Êxodo 17:11)
Muitos
discípuladores não são como Moisés. Ele sabia que seu discípulo estava pronto
para vencer a batalha conta os Amalequitas, mas não o deixou sozinho. Ajudou-o
em oração. Não podemos deixar nossos discípulos, mesmo quando eles já estão
amadurecidos, precisamos estar sempre com eles. Isso é um princípio na Visão
Celular no Modelo dos Doze: o discipulado não acaba nunca, ele é contínuo e perpétuo,
por isso a Visão Celular só funciona com homens e mulheres que estejam
dispostos a trabalhar e produzir.
Talvez
Josué tivesse sido pego de surpresa com a ordem de Moisés. Liderar o povo numa
batalha não era algo fácil, mas ele tinha confiança em seu líder. Ele sabia que
Moisés era um homem de Deus e não o meteria numa furada. Isso mostra uma outra
realidade do discipulado: Josué só deu ouvidos a tudo o que Moisés lhe disse
porque confiava nele. Eles tinham relacionamento. Havia diálogo e confiança mútuos
entre esses dois grandes homens.
Esse
relacionamento era tão profundo que no versículo 13 do capítulo 24 de Êxodo,
Josué é chamado “servo de Moisés”. Isso é discipulado. Quando existe
relacionamento verdadeiro no discipulado, o discípulo tem prazer em servir ao
seu líder. Faz isso com ligeireza de coração e não com amargura.
No
capítulo 32 do mesmo livro, mais uma vez temos o relato da aproximação e do
relacionamento verdadeiro de Moisés com Josué:
“E, ouvindo Josué a voz do povo que
jubilava, disse a Moisés: Alarido de guerra há no arraial”. (Êxodo 32:17)
Na seqüência da história desse
discípulo de excelência vimos que ele aprendeu tão bem com seus discipulador
que ocupou o seu lugar, depois de sua morte.
Quando
Deus chama Josué a liderar o povo para passar o Jordão, Ele sabia o que estava
fazendo.
Alguns
discípulos querem trocar os pés pelas mãos. Querem ultrapassar etapas, sem
completar o processo. Deus daria a Josué a responsabilidade de passar o Jordão,
se ele não tivesse sido um bom discípulo, isto é, aprendido todas as táticas
com Moisés.
No
capítulo 1 de Josué, vimos que ele estava abatido por causa da morte de seu
líder. Ele amava o seu discipulador, Por essa razão lemos nos versículos 6 e 7:
“Esforça-te e tem bom ânimo, porque tu
farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Tão-somente,
esforça-te e tem mui bom ânimo para teres o cuidado de fazer conforme toda a
lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita e
nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que
andares.”
Nesses
versículos vemos Deus falando com o discípulo de excelência. Podemos ver que
Moisés cumpriu muito bem o seu papel de discipulador, tanto que o próprio Deus
reconhece que os ensinamentos de Moisés estavam de acordo com a sua lei.
Quando
leio esse versículo e vejo a expressão “tende bom ânimo” começo a pensar porque
Deus, por duas vezes, disse a Josué que ele tivesse bom ânimo. Caminhando pela
Bíblia, podemos perceber que essas mesmas palavras foram usadas por Jesus
quando se referia aos seus discípulos.
“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (JOÃO 16:33).
Quando lemos esse versículo,
perguntamo-nos: O que Jesus havia dito a seus discípulos? Ou a que coisas ele
se refere nesse versículo.
Voltando à Bíblia, podemos ver
que “as últimas instruções de Jesus aos seus discípulos” começam no capítulo 13, a partir do versículo 31.
Logo depois de Jesus ter predito
que Judas o trairia, ele começa a ensinar aos seus discípulos (aos onze) o que
aconteceria depois daquele momento.
Jesus
começa dando uma palavra de carinho aos seus discípulos. Ele os chama de
“filhinhos” e começa a se despedir. Era como se Jesus estivesse próximo de
fazer uma grande viagem e desse todas as coordenadas aos seus amigos,
companheiros, pessoas que estiveram com ele todo o tempo. Assim, ele fala do
seu amor por seus discípulos e os ensina a amar. Ao falar de amor, o
Discipulador Supremo estava afirmando que o discipulado exige amor. Se você não
amar aos seus discípulos, muito dificilmente você conseguirá influenciá-los a
fazer alguma coisa que parta de você. Yeshua sabia que eles precisavam ouvi-lo
dizer que eles eram importantes para ele. Aqueles homens haviam estado com Ele
por mais de 3 anos e ele estava por deixá-los. Ele sentir-se-iam abandonados e
isso um discipulador não pode permitir. Jesus tinha a compreensão do que ele
significava na vida de seus discípulos, por isso ele precisava passar um tempo
a sós com seus amigos , com seus amados, ouvi-los, orientá-los. Jesus também
devia estar triste, Afinal, ele tinha um relacionamento com sues discípulos,
mas ele também sabia que tinha de terminar a sua missão. Isso nos ensina algo
muito precioso: Mesmo que amemos nossos discípulos, chega um momento em que
eles precisam voar mais alto. Lembro-me que uma vez estava lendo o livro
“Abecedário das células” do Apóstolo René Terra Nova, líder do Ministério
Internacional da Restauração (MIR), e ele dizia que é muito comum os
discípuladores se apegarem tanto a seus discípulos que na hora de a célula
fazer a multiplicação eles não conseguem se liberar da ligação que tem. Mas
Jesus também passou por esse problema e teve uma solução muito simples: ele
valorizou mais a sua missão e visão, valorizou mais o Reino e a Vontade do Pai
do que a sua. Jesus anulou a sua vontade para cumprir a Missão que o Pai o
havia outorgado. Por isso, querido
leitor, quando você tiver de fazer a multiplicação de sua célula, entenda que
você não está perdendo um discípulo, mas está ampliando a sua influência.
No
versículo 35, do mesmo capítulo, Jesus afirma:
“Nisto conhecerão que sois
meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”
O que
Jesus estava dizendo aqui é que as pessoas reconhecem quem são os
discipuladores pelo caráter dos discípulos. O caráter de Jesus era o amor, por
isso o mundo conheceria que aqueles homens haviam aprendido com o Mestre, se
eles também desenvolvessem esse caráter.
Enquanto
escrevo isso, me vem uma pergunta à cabeça: Como estamos sendo discipuladores?
Que caráter estamos imprimindo em nossos discípulos? O que temos ensinado aos
que estão sob a nossa liderança? Precisamos refletir sobre isso. Como queremos
ser conhecidos no mundo? O que os nossos discípulos levarão ao mundo?
O
Apóstolo Paulo disse:
“Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (I Coríntios 11:1).
Se
você, discipulador, tiver o caráter de Cristo impresso na sua vida, certamente,
passará isso aos seus discípulos, mas se você tiver um caráter mau, existe uma
grande possibilidade de seus discípulos seram iguais a você.
Numa
das conversas de Jesus com seus Onze, percebemos algo interessante:
“Disse-lhe
Simão Pedro:
- Senhor, para onde vais?
Jesus
lhe respondeu:
- Para
onde eu vou não podes, agora, seguir-me, mas, depois, me seguirás.
Disse-lhe
Pedro:
- Por
que não posso seguir-te agora? Por ti daria a minha vida.
Respondeu-lhe
Jesus:
- Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na
verdade te digo que não cantará o galo, enquanto não me tiveres negado três
vezes.” (João 13:36- 38)
Lendo
essa passagem, temos a impressão de que Jesus se irritou com a postura de
Pedro. Mas ele não fez isso. Quando ele perguntou se Pedro realmente daria a
vida por ele, estava querendo mostrar que ele conhecia seus discípulos. Jesus
sabia os limites de Pedro. Sabia que quando a chapa ficasse quente, ele o
negaria.
Isso em
traz à memória um ensinamento muito profundo: precisamos conhecer os nossos
discípulos e só há uma forma de fazermos isso: nos relacionando com eles.
Seguem
algumas dicas para você desenvolver um relacionamento com seus discípulos:
1. Seja amigo deles.
Demonstre interesse por cada um dos seus
discípulos. Lembre –se que amigo não aquele que passa sempre a mão por sua
cabeça, mas aquele que valoriza os seus pontos fortes sem esquecer dos seus
pontos fortes.
2.
Converse com seus discípulos assuntos da vida secular.
Alguns
discipuladores pensam que só tem a responsabilidade de ensinar a Bíblia para os
seus discípulos e aí cometem um grave erro. O discipulador também precisa
conhecer as necessidades humanas dos seus discípulos. Precisa saber os
problemas deles, as carências que têm. Para fazer isso, você precisa ter um bom
relacionamento com as pessoas a que influencia, caso contrário eles não
confiarão em você.
3.
Converse com seus discípulos sobre os seus problemas pessoais:
Muita
gente acha que o líder ou o discipulador não pode demonstrar seus pontos
fracos. Isso não é verdade. Seus discípulos só aprenderão a confiar em você, se
você não confiar neles.
Quando
Jesus estava no Jardim Getsêmani, ele desabafou com seus discípulos. Ele estava
amargurado, o momento de sua morte estava se aproximando. Ele olhava os seus
discípulos e não queria deixá-los, mas não tinha outra opção.
“Então, chegou Jesus com
eles s um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui,
enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu,
começou a entrsitecer e a angustiar-se muito. Então, lhes disse: “A minha alma
está cheia de tristeza até a morte, ficai e aqui e vigiai comigo.” (Mateus
26:38)
4.
Convide –os para um encontro na sua casa.
A nossa
casa é o lugar onde realmente somos nós. Na nossa casa temos autoridade,
revelamos nossa verdadeira personalidade. A fim de desenvolver um relacionamento verdadeiro com
seus dioscípulos, deixe que eles conheçam como você age em casa, com esposa,
filhos, pai, mãe, irmãos etc. Isso dará a eles a possibilidade de ver que podem
confiar em você.
5. Diga
a verdade, sem rodeios.
Alguns
discipuladores escondem algumas verdades dos seus discípulos porque têm medo de
perdê-los. Certa vez, um discípulo meu me perguntou quais os seus piores
defeitos. À princípio, fiquei meio desconfortado, mas, afinal, percebi que ele
queria mesmo saber como eu o via. Por isso, antes de destacar seus três
defeitos mais visíveis, tratei de descatar as suas três qualidades mais
admiráveis por mim. No final eu fui sincero com ele e disse exatamente o que
pensava. Tenho certeza de que desse dia em diante, nosso relacionamento nunca
mais foi o mesmo. Aprendemos a confiar mais um no outro e quando estávamos com
problemas, dividíamos tudo, sem vergonha e sem receio.
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